Diário de bordo 01 – 24/10/2011

Primeiro dia de produção da intervenção “Operação Brote”, da artista Monica Nitz. Reconhecimento de área e agradáveis conversas. Tempo frio mas a chuva parece dar uma trégua. Amanhã equipe Baustelle deve seguir para a região do Tirol e Luxemburgo conhecer in loco as histórias em torno do brote preservadas ainda por algumas famílias da localidade.

Operação Brote – Santa Leopoldina

PROJETO BAUSTELLE EM SANTA LEOPOLDINA

Artista Monica Nitz

O projeto Baustelle está em sua terceira itinerância em Santa Leopoldina.

A artista Monica Nitz, escolhida para esta edição, realizará uma intervenção artística na cidade no período de 23 a 30 de outubro. O título do trabalho é Operação Brote. Uma pesquisa afetiva partindo de uma receita tradicional da culinária germânica, o brote e que também é uma lembrança familiar da artista, pois sua avó Dona Cecília Nitz sempre fazia o pão.

O convite feito à Monica para participar do projeto ocorreu próximo ao período em que perdeu sua avó, o que a fez notar quanto de ternura o mundo pessoal de cada um perde quando não temos os familiares mais próximos para reviver as histórias e memórias do nosso passado familiar. A artista percebeu também que não havia aprendido a fazer o pão que cresceu comendo, o brote, e que esta receita da Dona Cecília pode ter se perdido junto com sua partida desta vida.

Sabe-se que o brote no Espírito Santo surgiu quando os pomeranos imigraram para algumas regiões do estado e não conseguiram produzir o trigo, principal ingrediente do seu pão, por conta de um clima quente e tropical e tiveram que substituí-lo pelo milho na fabricação do pão, e dessa adaptação surgiu o mihabrout, ou simplesmente brote [Brote/Brot/Broud] , um pão de milho que surgiu em 1857 e que vai se readaptando e acrescentando ingredientes como a banana, inhame etc.

As várias formas de se fazer este pão e sendo a culinária algo bem particular de cada família, levaram a artista a pensar na OPERAÇAO BROTE. Neste trabalho Monica se propõe a buscar um pouco da sua história, dos costumes e tradições de sua origem germânica e das lembranças de sua avó. Residência artística que pretende por uma semana investigar e ir à busca não só das formas de se fazer um brote, mas de histórias de famílias de sua origem, de fragmentos de suas heranças, de pistas possíveis sobre a sua família na cidade de residência e, por fim, de demarcações de eixos nesses lugares, edificando assim parte do seu afeto pelas trocas e amizades descobertas através do seu traço.

 

 

 

 

 

Tatiana Sobreira em “Paisagens de bolso” no Município de Pancas.

2ª itinerância – Pancas / Artista: Tatiana Sobreira /

Tatiana Sobreira nasceu em Belo Horizonte em 1980.

Vive e trabalha na Serra (região metropolitana de Vitória), ES.

Bacharel em Artes Plásticas, formada pela Universidade Federal do Espírito Santo, já participou de diversas exposições coletivas e individuais e seu trabalho se desenvolve em diversas plataformas.

 

Nome do trabalho: “Paisagens de bolso

As histórias da conhecida Floresta Negra que a avó da artista contava e que trouxe consigo de seu pai, são a maior ligação que Tatiana tem com o lado alemão de sua família. Hansel e Vettel, ou Joãozinho e Maria, deixavam rastros pelo caminho para uma volta “certa” (que aconteceu, mas não no tempo e nem pelo caminho planejado).

A ida é imprescindível para que se estabeleça volta. E realizar idas é sua principal busca no descobrimento desta origem familiar, que de certa forma é uma volta. A fixação de lugares-momentos é uma memória que acontece instantânea. As paisagens de bolso são efêmeras. Como miolo de pão na floresta. Elas não servem como um mapa nem de referência para quem o momento do fôlego, inspiração, não foi vivenciado.

As paisagens de bolso são desenhos de um fôlego só, feito com uma impressão rápida, revela uma paisagem única como momento em sua produção. Mas ao mesmo tempo, se trata de uma paisagem/objeto comum a todos, coletiva.

A intenção do trabalho é construir uma paisagem feita de fragmentos individuais que se unam num todo, que tem como resultado final uma paisagem conceitual. Se uma paisagem é um fôlego, várias têm possibilidades poéticas imensuráveis.

O trabalho

O trabalho desenvolvido em Pancas no período da residência artística que se iniciou no último dia 02 de outubro e segue até o dia 09 de outubro se trata de paisagens captadas através de uma transparência (acetato) com uma caneta (marcador permanente para CD), num desenho rápido (como pede a necessidade do fazê-lo) sem deslocar o ponto de vista. Os desenhos serão feitos pela artista e pelas pessoas que por ventura venham a interagir com ela (e vice versa) nos caminhos que formam a paisagem urbana e rural/natural da cidade de Pancas, com destaque para a comunidade de Lajinha do Pancas.

As paisagens são um momento individual de cada participante e como o próprio nome sugere, de bolso. Elas não serão da artista. Só o momento compartilhado entre eles.

 

Primeiras imagens em Pancas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Baustelle | Domingos Martins | Júlio Schmidt

Assista ao vídeo processo da obra de Júlio Schmidt

http://www.vimeo.com/29845363

para maior conforto de visualização assista o vídeo em HD e Full Screen

Júlio Schmidt visita a casa de Joel Velten

Na terça-feira(20), a equipe do projeto visitou o historiador Joel Velten, morador de Domingos Martins, e pessoa querida por todos pelo seu entusiasmo na preservação da cultura local. Nessa visita, a equipe colheu um depoimento emocionante, além da assinatura do

Sr. Joel. Abaixo, fotos da visita:

 

A exibição de todos os depoimentos colhidos será exibida em vídeo no próximo sábado(24) às 19h no coreto da praça Arthur Gerhardt. 
A obra de Julio Schmidt será exposta na praça no domingo(25) às 10h.

 


 

“O lugar do meu lar”; Projeto de arte-educação da Mostra Baustelle.

O projeto de arte-educação “O lugar do meu lar” propõe a interação de estudantes com as ações/objetos de arte urbana da mostra itinerante “Baustelle”.

Elencado aos trabalhos de intervenção urbana – que serão produzidos durante um período de residência artística nas cidades participantes da itinerância – e que, apropriados de algumas falas da cultura germânica nesta ocasião, o projeto de arte-educação quer mediar, compreender e investigar, aspectos da identidade teuto-brasileira e os significados estéticos das ações/objetos realizados dessa confluência.

Além de possibilitar a prática de ‘oficinas criativas’ sugeridas aos alunos do ensino fundamental e ensino médio de escolas da rede pública das cidades de Domingos Martins, Pancas, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Vila Pavão, assim como acréscimo a experiência transdisciplinar da formação e do conhecimento.

“O lugar do meu lar” pretende instaurar no corpo-cidade, espaço de constantes interações pessoais, históricas, políticas e culturais – tendo na intervenção urbana uma linguagem da arte na atualidade, bastante ousada e pouco convencional – uma metáfora lúdica sobre a que história conhecemos e desejamos pertencer, e qual historia construímos; no lugar que entendemos como lar. Via de regra, as expressões culturais e valores morais que formam a identidade do individuo são amplas e não limitam-se a conteúdos hegemônicos caracterizantes, tanto mais para aquele indivíduo oriundo de processos forçado ou voluntário de imigração, que transitando entre novos territórios ressignifica suas tradições para viver à tal estranhamento, e que ainda assim seja possível preservar seus traços hereditários e afetivos de sua origem.

Contudo é inevitável a mutabilidade–adaptativa desse conteúdo sensível, que aqui lhe cabe chamar de patrimônio, ante ao novo território. Onde estou e construo significados para a história que vivencio? Onde as notórias referências e ideologias fundem-se ao ambiente desconhecido e seus ruídos essenciais e buscam reorganizar uma longeva memoria cultural a um lugar inédito a que pertence às intenções de sobrevivência da identidade.

O lugar, o espaço; a cidade que trafega sobre tantos valores explícitos, de um folclore típico, exemplar e a uma linguagem acachapante é um campo aberto na dinâmica do olhar e do reconhecer-se. “Baustelle” procura na experiência da transculturalidade desenvolvida pela imigração alemã no Espirito Santo, compreender aquilo que se pode distinguir pelo sentido ao que se chama de lar.

Esse acervo transportável de memorias que todas as pessoas são pode e deve ser constantemente organizado e planejado, para que outros paradigmas se estabeleçam sob as incontáveis trajetórias e encontros futuros.

Horrana De Kássia Santoz

Arte-Educadora

Logo Baustelle

Logo do Projeto Baustelle

Equipe Baustelle

Rafaela Rasseli Zanete – Concepção, curadoria e organização

Yury Aires – Videomaker

Rafael Corrêa – Produtor

Horrana De Kássia Santoz – Arte-educadora

Julio Schmidt – Artista

Piatan Lube – Artista

Monica Nitz – Artista

Gabriel Borém – Artista

Tatiana Sobreira – Artista

Benefícios do Projeto Baustelle

Os benefícios produzidos a partir da realização do projeto são vários, dentre os quais destacamos:

1. O desenvolvimento da intervenção na cidade acontecerá de forma colaborativa e com o envolvimento de diversos públicos, propiciará a partir desta intervenção uma aproximação entre público e arte;

2. Ao apresentar o processo de construção de uma obra, provocará na população local durante e a partir do projeto o interesse pela produção da arte contemporânea no estado;

3. O projeto sensibilizará diversos atores locais (poder público, empresários, artistas etc), que a partir do projeto realizado, estimularão e apoiarão a circulação da produção artística no Estado do Espírito Santo.

4. Estimular o desenvolvimento de projetos relacionados às identidades locais e sua memória;

5. Nos planos individual e coletivo provocar o reconhecimento da identidade alemã como condição de cidadania, por meio do reconhecimento e valorização dos fatores constitutivos da sua herança cultural, assim como a possibilidade de identificação com outras culturas e modos de vida ao seu redor;

6. Os conteúdos e produtos diversos elaborados nas oficinas poderão ser aplicados em sala de aula, a exemplo: registro de história oral, pesquisa documental, pesquisa histórica, pesquisa de movimentos artísticos, estudos de arquitetura e design, novas tecnologias etc.